11.7.11

Minha arte

Por vezes penso que não tenho talento algum, e que a arte foge das minhas mãos, boca e corpo, a todo momento. Ao ouvir uma música deliciosamente bem tocada, bem escrita; Ao observar um palhaço, ou uma bailarina; Ao ler um belo poema do poeta preferido... penso que a arte me abandona, e que sou só mais um espectador, mais alguém no meio de tantos na plateia, em meio a multidão.... e a multidão por vezes sufoca a beleza única de cada um.
Meus olhos acompanham o movimento leve daquele que dança, a força daquela que se move com perfeição. Meus ouvidos saboreiam cada pequeno pedaço de um belo rock and roll tocado em meados de 70, 80, e o meu corpo sente vontade de agir, se movimentar e experimentar a arte de fazer do corpo uma bela tela.
A minha voz quer gritar cada sílaba daquela canção, mas a arte foge.
E se ela foge é pra que eu descubra que a minha arte mora no saborear, reside em cada acorde, cada passo, cada verso, todos eles observados, ouvidos, sentidos, apreciados com olhar faminto.
Só então descubro o seu valor, o valor que me salva de uma multidão faminta da minha fome. Porque pra existir ela precisa de mim, precisa deles, pra existir, ela precisa despertar a aflição do desejo, da beleza, o desespero de querer ser, mas também de saborear, consumir arte, pra que então ela corra junto com o sangue.

4.7.11

Sobre o tempo

Tem duas coisas sobre as quais eu gosto muito de falar e escrever, que são o tempo e a intensidade, pra mim não existe tempo que se conte se não pensarmos na intensidade daqueles momentos. O tempo passa pela gente e a intensidade das coisas vividas nesse tempo é que nos marca.
Eu sempre digo que eu gosto de coisas intensas, e eu gosto porque elas me fazem olhar pro tempo que passou, ou que ainda esta por vir, e sentir as coisas vivas pela intensidade que tiveram. Coisa simples e complicada assim. :)
E ai, desse gosto pelo tempo e pela intensidade, surgiu uma coisa bacana, um poema simples (coisa que também gosto bastante) mas que fala de uma forma diferente um pouco de tudo que eu falei ai, fico feliz em dividir ele com vocês, e espero que gostem.

Variável tempo
Um dia
talvez,
quem sabe um mês,
um ano
quem sabe?
espero um tempo em que
deixará de ser
necessário,
indispensável
saber
quanto tempo,
quanto tempo...

dias, anos, meses,
quem sabe quanto?
semanas ou horas, 
quem sabe quando?

E se espero
É porque a variável tempo
só se conjuga
na companhia de um verbo
e sua intensidade.

Grande abraço aos navegantes!
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